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  • Marcio Dertoni

Mas o que é desastre?

Sabemos mesmo o que é desastre?


O deslizamento de encostas em Friburgo em 2011 foi um desastre?

O vazamento de petróleo (blowout) ocorrido em 2010 no Golfo do México foi um desastre?

O incêndio no Grenfell Tower em Londres em junho de 2017 foi um desastre?

O incêndio florestal em Portugal em junho de 2017 foi um desastre?

Não há dúvidas de que quando os danos são muito grandes todo mundo reconhece como desastre.

Mas e os deslizamentos de encostas nos contrafortes da Serra do Mar, sem vítimas, sem que sequer saibamos no momento em que ocorreram, também são Desastres?



E os acidentes de trânsito em que o motorista ou algum passageiro morre, também é um Desastre?

Grande parte das definições de Desastre refere-se a consequências graves e generalizadas. Algumas estabelecem até um número mínimo de óbitos ou valor de prejuízos para que uma ocorrência seja considerada um desastre.


Muitas definições referem-se ainda à ruptura da capacidade da sociedade ou da comunidade em enfrentar as consequências sem ajuda externa. E quando essa ruptura ocorre no nível pessoal, com quem perdeu membros de sua família?

A definição proposta à UNISDR por ocasião da reunião de Sendai (2015) estabelece que:


"Desastre é uma séria interrupção no funcionamento de uma comunidade ou sociedade devido a eventos perigosos interagindo com condições de vulnerabilidade e de exposição, levando a perdas e impactos humanos, materiais, econômicos e ambientais generalizados."


Perdikaris propõe uma definição mais abrangente:


"Desastre é um estado no qual, uma população, grupo populacional, ou um indivíduo é incapaz de lidar com os efeitos adversos de um evento extremo sem ajuda externa. O impacto de um evento extremo pode incluir danos significativos ou destruição, perda de vidas, ou mudança drástica do meio ambiente. É um fenômeno que pode causar danos à vida, à propriedade e destruir a vida econômica, social e cultural das pessoas.”


Há duas grandes correntes, que se subdividem em subcorrentes: uma define Desastre a partir do evento, a outra define Desastre como um fenômeno social, sendo o evento o desencadeador do desastre.

Em qualquer dos casos, a gravidade do desastre é uma função da importância que os receptores têm para o homem.

No caso de vítimas, não há qualquer dúvida, mas quando se trata de patrimônio ou mesmo do meio ambiente, a situação só é reconhecida como desastre se o mesmo for de interesse social.

Por exemplo, o deslizamento de encostas na Serra do Mar não é considerado com desastre e ocorre quase todos os anos, por outro lado um deslizamento de encostas que afete um rodovia importante como a BR-101, mesmo que não faça vítimas, pode ser considerado um desastre, dependendo da extensão dos danos sociais (tempo de interrupção da via, número de famílias ou comunidades isoladas, por exemplo).

Se considerarmos que para diferentes eventos muitas das consequências sobre os receptores e as ações de proteção e resposta são relativas a questões sociais e econômicas e não físicas e, portanto independente da natureza do evento, não há como descolar o conceito de desastre do fenômeno social.



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